HIDROTERAPIA

HIDROTERAPIA - A FORÇA DAS ÁGUAS
Enquanto prática medicinal alternativa, a hidroterapia recorre a um dos mais preciosos recursos naturais: a água. Utilizada das mais diversas formas, os tratamentos de hidroterapia podem ainda variar em termos da temperatura a que a água é aplicada. No que toca ao organismo humano, as propriedades curativas da água actuam principalmente a três níveis: nervoso, circulatório e térmico.


A ÁGUA COMO ELO UNIVERSAL
Um dos quatro elementos naturais, a água e o seu papel crucial na vida humana sempre foi reconhecido. Curiosamente, também a sua influência na saúde foi descoberta muito cedo – diz-se que já no ano 2500 a.C. a água era utilizada como forma de obter um bem-estar geral nas instalações de higiene proto-indianas, bem como nos banhos Caldeus. Uma prática que continuou a ganhar força com a antiga civilização grega, sendo que os templos de Asclépio já se situavam muito próximo das fontes de água naturais e incluíam espaços de banho. Aliás, a própria palavra hidroterapia advém do grego “hydor” (água) e “therapeia” (cura) e foi este povo que introduziu o uso dos banhos aquecidos ou resfriados como tratamento para vários males. Estes banhos terapêuticos atingiram o auge da sua popularidade com a civilização romana, reconhecida pelos seus banhos públicos que serviam não só para tratar a higiene pessoal, mas também como local de terapia. Afinal, a água possuía impressionantes propriedades medicinais que os romanos aplicaram abundantemente nas suas termas (nome dado aos seus locais de banho). Os tratamentos ministrados nestes locais – procurados por quem pretendia melhorar a saúde e viver mais tempo – foram rapidamente descritos como "salut per aque" que significa “saúde através da água”. Abreviado, obtém-se a palavra SPA e, de facto, foi no seio destas águas que se escreveu a história do SPA.


A EVOLUÇÃO DA HIDROTERAPIA
Adoptada por povos em todo o mundo, o recurso à água como forma de obter prazer e bem-estar foi entretanto banido, uma proibição que se prolongou ao longo de toda a Idade Média. A partir do século XV porém, a hidroterapia voltou a ganhar força (assim como todas as terapias naturais), tendo a publicação do primeiro livro sobre hidroterapia em 1647 – “Uma forma fácil e natural de curar a maioria das doenças" – da autoria de John Wesley, ter contribuído fortemente para esta nova divulgação. O estudo sobre esta prática ganhou um novo fôlego e os trabalhos publicados sucederam-se: "Um inquérito sobre a utilização correcta e o uso e abuso dos banhos quentes, frios e temperados" (por Sir John Floyer, 1697); e ainda um estudo sobre o uso de água fria no tratamento da varíola, escrito pelo Dr. Whright em 1779. Mas é Johann S. Hahn (1696-1773)quem ficou conhecido como o pai da hidroterapia moderna, tendo dedicado grande parte da sua prática medicinal ao estudo e aplicação desta terapêutica nos seus próprios pacientes. Seguiram-lhe as pisadas muitos outros estudiosos de renome – Vicent Pressnitz, Dr. Joel Shaw, Wilhelm Winternitz, Dr. Simon Baruch – que contribuíram para a solidificação e reconhecimento público da hidroterapia como a conhecemos hoje.


A CURA ATRAVÉS DA ÁGUA
Se uma grande parte do corpo humano é composto por água, nada mais natural do que a procura da mesma para curar o organismo. Com propriedades curativas inigualáveis, a água é uma bênção para o corpo na medida em que rejuvenesce a pele e o organismo, alivia todo o tipo de dores, tonificando o corpo e tranquilizando músculos, pulmões, coração e estômago. Em adição, estimula e fortalece os sistemas digestivo, circulatório, imunológico e endócrino. As propriedades térmicas, físicas e químicas da água agem como um fio condutor das suas temperaturas quentes e frias e o corpo reage instintivamente a estes estímulos. O poder curativo da hidroterapia está assente em dois efeitos principais – o mecânico e o termal. A temperatura a que está a água quando aplicada depende do problema em questão e do tratamento escolhido para o curar. Em termos mecânicos, o corpo também reage de forma instintiva porque as características estáticas e dinâmicas da água permitem que sejam realizados movimentos sem forças gravitacionais reduzidas, ou seja, o corpo movimenta-se mais fácil e livremente dentro do que fora de água.

QUENTE VS. FRIA

Na Hidroterapia, a água utilizada tanto pode ser quente, como fria ou então uma combinação das duas. Se, por um lado, o calor gerado por águas aquecidos acalma e relaxa o corpo, a frescura das águas geladas é o ideal para estimular e revigorar o organismo. A própria água pode ser aplicada no corpo de várias maneiras: imersões completas ou parciais, jactos de água, duches, massagens, movimentos realizados dentro de piscinas ou tanques, compressas ou inalações.


TERAPIA MULTIFACETADA
Actualmente, a Hidroterapia já ganhou diversas facetas, sendo aplicada em estâncias termais ou hidrominerais, em spas , ginásios, clínicas de fisioterapia e de reabilitação. As três principais divisões da Hidroterapia são:


Hidrotermoterapia: o tratamento incide mais na temperatura da água (envolvimentos, compressas, banhos quentes/frios e de contraste, sauna).
Hidromecanoterapia: o tratamento recorre ao efeito mecânico e térmico em simultâneo, nomadamente através da aplicação de jactos de água dirigidos às zonas do corpo afectadas(hidromassagem, duche, turbilhão).


Hidrocineticoterapia: o tratamento utiliza a redução da acção da gravidade sobre os corpos imersos para facilitar a cinesioterapia, ou seja, trata-se de uma cura através do movimento (piscina terapêutica e tanque de Hubbard).


Existem, no entanto, mais sete subclassificações da Hidroterapia:


Hidromassagem: o tratamento recorre ao efeito mecânico e térmico em simultâneo, nomadamente através de um processo de turbilhonamento e de bolhas.


Hidroginástica: o tratamento requer a realização de movimentos mecânicos e coordenados dentro de água, com o intuito de fortalecer a massa muscular e tonificar o corpo.


Balneoterapia: o tratamento recorre às águas naturais, onde são dissolvidas, de forma natural, substâncias várias, conforme o problema a tratar. Em alternativa, utilizam-se águas onde são dissolvidas, de forma artificial, substâncias várias.


Hidroterapia de efeito interna: os tratamentos que recorrem às águas minerais.


Hidroterapia de efeito externo: todos os outros tratamentos.


Hidroterapia de acção geral: tratamento vocacionado para cuidar de todo o corpo.


Hidroterapia local ou parcial: tratamento vocacionado para cuidar de zonas do corpo específicas.

POSOLOGIA E RESTRIÇÕES

A Hidroterapia está indicada para pessoas de todas as idades, excepto os diabéticos, pessoas que sofrem de esclerose múltipla e de pressão arterial muito alta ou baixa, assim como as grávidas, que devem evitar tratamentos quentes no corpo e banhos de imersão. Quem sofre de reumatismo, inflamações pélvicas ou perturbações de bexiga deve evitar os banhos frios. Para além disso, é importante salientar que os idosos e as crianças podem sentir-se cansadas ou enfraquecidas com tratamentos que requerem calor excessivo.


Regra geral, a Hidroterapia é recomendada para aliviar e curar os seguintes problemas:


Alívio de dor e espasmos musculares
Melhoramento do movimento das articulações
Fortalecimento muscular e treino de resistência
Melhoria da circulação sanguínea
Reeducação dos músculos paralisados
Melhoria das vias respiratórias
Manutenção e melhoramento do equilíbrio corporal, coordenação e postura
Estimulação da percepção visual
Relaxamento físico e emocional
Combate ao stress